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Autoria: Frater Hrw

Em muitos lugares podem ser encontrados vários e excelentes rituais utilizados dentro da E.G.C.. Tais rituais variam desde exorcismos e bênçãos até variações da Missa Gnóstica para uma ou duas pessoas ou rituais específicos para as várias comemorações do calendário Thelêmico. Entretanto, por melhores que sejam tais rituais, nenhum deles é considerado como um ritual da E.G.C.. Por quê isso?

Simplesmente porque a E.G.C. não tem como objetivo ser uma igreja no sentido mais comum do termo. Ela não visa a salvação de almas, não busca encher seus templos com fiéis, não tem o menor interesse nos objetivos de vida ou no que faz cada uma das pessoas que a frequenta. Na verdade, a Ecclesia Gnostica Catholica age e representa com bastante fidelidade o seu nome, cuja tradução para o Português é “Templo do Conhecimento Universal”. Assim o objetivo primário da E.G.C. é levar para os que compõem sua assembleia o conhecimento do Universo. Mas não um Universo qualquer e sim o Universo de si mesmos, de seu Microcosmo; através do qual chega-se à compreensão do Macrocosmo. Mas o que isso tem a ver com os rituais?

Tem a ver que esse objetivo da E.G.C. é perseguido através da execução, estudo e compreensão de seu único rito oficial, a Missa Gnóstica, o Liber XV. Tal é a importância e a profundidade da simbologia presente neste ritual — abrangendo desde a simbologia Rosacruciana à Maçônica e ao Yoga, da Gnóstica à Cabalística e à Templária -, que basta este objetivo para colocar os estudiosos teóricos e práticos da E.G.C. em uma tarefa monumental. Assistir ou oficiar o Liber XV é uma experiência de profundo caráter mágico e devocional, que descrição ou leitura alguma podem alcançar. Esse é o princípio e o fim da E.G.C..

Porém, sendo um Templo, os membros da E.G.C. sentiram a necessidade de se criarem outros rituais, que lhes permitissem também um aspecto social, que lhes permitisse colocar em prática o que aprendiam. E assim foram escritos vários rituais coletivos, rituais que promovem a união do grupo, que fortalecem a egrégora, que auxiliam cada participante à sua maneira particular. Outra necessidade que também surgiu foi em relação àquelas pessoas que não possuíam um grupo no qual pudessem praticar a Missa Gnóstica, ou tão solitários que sequer poderiam contar com um Sacerdote ou uma Sacerdotisa. Assim surgiram as diversas variações do Liber XV, a maior parte delas passível de ser executada com um mínimo de estrutura de templo e de acompanhamento (ou sem acompanhamento). Outra origem de rituais foi anterior mesmo à Missa Gnóstica, advinda de quando a E.G.C. não tinha relação alguma com a O.T.O. mas já possuía um corpo eclesiástico próprio, capacitado a levar a cabo seus próprios rituais. Esses rituais de consagração foram transmitidos da E.G.C. não-Thelêmica para a E.G.C. Thelêmica.

Dessa forma, segundo a necessidade de alguns grupos ou indivíduos, esses rituais foram sendo criados, estudados, testados e divulgados por entre os membros da Ordem para o uso dos outros membros. Entretanto, para que a E.G.C. não se desvirtue de seus objetivos primordiais, tornando-se apenas mais uma congregação religiosa como qualquer outra, e de modo a permitir a flexibilidade entre os diversos Corpos da Ecclesia, esses rituais não entram em seu cânone. Mas, ainda assim, não apenas são permitidos como são estimulados. Mesmo a Missa Gnóstica possui variações experimentais onde homens fazem o papel da Sacerdotisa e o Sacerdote é uma mulher, Missas compostas apenas por mulheres ou apenas por homens, etc.. É dessa experimentação sobre a própria Missa e da criação e experimentação de novos rituais é que provém conhecimento, dinamicidade e vitalidade à E.G.C.