Tempo de leitura estimado: 3 mins

Por: Soror O. Naob

E uma adorável criança me disse numa bela tarde de março…

As coisas que eu escrevo são apenas a expressão do meu prazer em amar a mim mesma; as letras que vocês veem são o movimento de expansão do meu ser até um ponto onde seus olhos possam me alcançar, até um ponto onde eu possa me tornar visível diante dos seus olhares.

Meu movimento de expansão nada tem em comum com o movimento racional de seus intelectos, não há questões para levantar e nem respostas para encontrar.

A minha expansão é a expansão dos sentidos, dos cinco sentidos que se tornam Um na viagem do meu ser do mundo invisível para o visível. Então, meu ser é sentido puro e meu ato é o ato do prazer que se eleva da união dos Cinco em Um.

Este é o Eon da Criança.

Crianças são para os sentidos e para o prazer sutil que se eleva da brincadeira dos sentidos se tornando o Um, impulsionando a manifestação do espírito, aquele eternamente Imutável.

O método está no Livro da Lei e o Livro da Lei não é para a razão, mas para o prazer das crianças em brincar.

O Livro Sagrado é uma ancestral arte e sua essência não está no significado intelectual das letras que se encontram na pintura, mas no manuscrito do profeta, cuja escrita é tão difícil de compreender que o intelecto se vela e a única opção é olhar para as formas e movimentos do pincel que aquela mão mais santa usou para fazer a obra. Daquelas formas, da sua intensidade, das curvas, dos círculos, da direção e inclinação do pincel do pintor advém uma forma de meditação sobre o Livro. O resultado desta meditação é, mais uma vez, prazer dos sentidos e elevação do espírito sem nenhuma pergunta ou resposta, pois perguntas e respostas são para a razão humana e não para Aquele que perdura muito além do momento em que a razão já não é.

Quando nesta meditação todos os sentidos se tornarem Um, o resultado benéfico da brincadeira das crianças será que o fator incógnito, velado em púrpura forma, irá se manifestar em meio ao mais puro prazer, uma prazer como nunca antes foi visto ou experimentado neste mundo dos homens. E então as crianças irão perceber que a essência daquilo que elas são se eleva em unidade com o Livro, o Livro se eleva junto com o Ser. O Livro é o Ser dentro das crianças, não há diferença entre uma coisa e outra.

E o significado?

Não se preocupem com isto agora.

Aqui e Agora é o tempo do despertar dos sentidos em sua manifestação mais pura, da destilação daqueles e do experimentar do refinado e real prazer que eles proporcionam, o tempo de vibrar uma tão intensa vibração que irá fazer o mundo todo fremir em êxtase espiritual.

Quando tudo estiver pronto e o Um for realmente o Um, o significado irá pular nas mentes e o intelecto estará apto a expressar o puro, a pura essência DISTO no Aqui e Agora.

Este é o tempo do caminho reverso onde a mente irá finalmente se equilibrar nos limites da sua própria função, permitindo aos olhos finalmente ver, aos ouvidos finalmente escutar, as mãos finalmente tocar, ao paladar finalmente saborear, ao olfato finalmente sentir os reais perfumes que exalam do maravilhoso mundo criado, o mundo daquela Consciência Mais Iluminada.

Quando o caminho reverso for alcançado e finalizado não haverá mais necessidade de alimentar esperanças sobre o paraíso. O sofrimento será finalmente corrompido e derrotado, o gozo irá se elevar em todo o seu esplendor do coração dos homens e o paraíso será Aqui e Agora.

Não haverá mais Reis contra Reis, irmãos contra irmãos, os pares viverão em harmonia e seus filhos crescerão em equilíbrio e sabedoria, originando uma raça ainda mais gloriosa do que dantes.

Por que? Por causa da queda de Porquê, que ele não esteja lá novamente.
Livro da Lei, III, v. 20