Autoria desconhecida
Tradução: Alethea Aires Pecora
Eu fui enviada da parte interna do poder Eu vim para aqueles que refletem sobre mim e Eu fui encontrada entre aqueles que procuram por mim Olhai para mim, vós que me contemplais Ouvistes, ouvi-me.
Aqueles que esperam por mim, recebam-me. Não me afugenteis de diante dos vossos olhos Não permitais que a vossa voz ou vossa audição me deteste Não me ignoreis em lugar algum, em tempo algum Estai atentos, Não me ignoreis Pois eu sou a primeira e a última Eu sou ela quem é venerada e ela a desprezada Eu sou a prostituta e a mulher santa Eu sou a esposa e a virgem Eu sou ela a mãe e a filha Eu sou os membros de minha mãe Eu sou uma mulher estéril e ela possui muitos filhos Eu sou ela cujo o casamento é extravagante e eu não tive um marido Eu sou a parturiente e ela que não deu à luz Eu sou o conforto das minhas dores de parto Eu sou a noiva e o noivo E é o meu marido quem me deu à luz Eu sou a mãe de meu pai, E a irmã de meu marido, e ele é meu filho Eu sou a escrava daquela que me serviu Eu sou ela, o senhor do meu filho Mas é ele quem me deu a luz no momento errado E ele é meu filho nascido no momento certo E meu poder vem do seu interior Eu sou o cajado do seu poder juvenil E ele é o bastão da minha maturidade de ser mulher O que quer que ele deseje acontece para mim Eu sou o silêncio nunca encontrado E a ideia infinitamente recordada Eu sou a voz com sons incontáveis E os mil disfarces da palavra Eu sou a pronúncia do meu nome Vós que me detestais, por que me amais e detestais aqueles que me amam? Vós que me negais, confessai-me Vós que me confessais, negai-me Vós que falais a verdade sobre mim, menti sobre mim Vós que mentis sobre mim, dizei a verdade sobre mim Vós que me conheceis, ignorai-me Vós que me ignorais, conhecei-me Eu sou ambos conhecimento e ignorância Eu sou humilhação e orgulho Eu sou desavergonhada Eu sou envergonhada Eu sou segurança e eu sou medo Eu sou guerra e paz Prestai-me atenção. Eu sou ela quem é desgraçada e ela quem é importante Prestai-me atenção, para a minha miséria e para a minha extravagância Não sejais arrogantes comigo quando eu for arremessada ao chão Vós me encontrareis entre os esperados Não me encareis no amontoado de merda, deixando-me descartada Vós me encontrareis nos reinos Não me encareis quando eu for arremessada entre os condenados Não riais de mim nos lugares mais inferiores Não me lanceis para baixo entre aqueles viciosamente massacrados Eu mesma sou compassiva E eu sou cruel Cuidado! Não odieis minha obediência e não amais minha moderação Em minha fraqueza não dispais até a nudez Não tenhais medo do meu poder Por que desprezais meu medo e amaldiçoais meu orgulho? Eu sou ela quem existe em todos os medos e na coragem estremecida Eu sou ela quem é tímida E eu sou segura em um lugar confortável Eu sou insensata, e eu sou sábia Por que me odiastes em vossas conspirações? Eu devo calar minha boca entre aqueles cujas bocas estão caladas e Então eu aparecerei e falarei Por que então me odiastes, vós Gregos? Por que eu sou bárbara entre os bárbaros? Eu sou a sabedoria dos Gregos e o conhecimento dos bárbaros Eu sou a deliberação de ambos os Gregos e os bárbaros Eu sou ele cuja imagem é múltipla no Egito E ela quem não possui uma imagem entre os bárbaros Eu sou ela quem foi odiada em todo lugar E sou ela quem foi amada em todo lugar Eu sou ela a quem chamas vida E vós chamastes morte Eu sou ela a quem chamam lei E vós chamastes desordem Eu sou ela a quem vós perseguistes e ela a quem vós capturastes Eu sou ela a quem vós dispersastes E vós me tendes recolhido e juntado Eu sou ela perante quem vós ficastes envergonhados e para mim vós tendes sido desavergonhados Eu sou ela quem não celebra festivais e Eu sou ela cujos festivais são espetaculares Eu, eu sou sem Deus E eu sou ela cujo Deus é magnífico Eu sou ele, aquele em quem vós pensastes e vós me detestastes Eu sou sem instrução, e eles se instruem por mim Eu sou ela a quem vós detestastes e, entretanto, vós pensais sobre mim Eu sou ele de quem vós vos escondestes E vós apareceis para mim Aonde quer que vós vos escondestes, eu mesma irei aparecer Pois [...........] vós [....] eu mesma [.......] vós [....] [............] aqueles que tem [.......] [..........] para isso [................] tomai-me [.....] do interior [......] Recebei-me com entendimento e pesar Retirai-me dos lugares miseráveis e espremidos Roubai daqueles que são bons, ainda que em miséria Trazei-me na vergonha, em vós mesmos, fora da vergonha Com ou sem vergonha Culpai as minhas partes dentro de vós mesmos Vinde em minha direção, vós que me conheceis e Vós que conheceis minhas partes Congregai os grandes entre os pequenos e entre as criaturas primitivas Avançai em direção à infância Não a odieis por que é pequena e insignificante Não rejeiteis as partes pequenas das grandezas por que elas são pequenas Já que a pequenez é reconhecida por estar dentro da grandeza Por que me amaldiçoais e me venerais? Vós me machucastes e vós me poupastes Não me separeis daqueles primeiros Vós [......] Não lanceis ninguém para fora [......] Nem façais voltar […] ela que [......]. Eu conheço aqueles E aqueles após estes me conhecem Mas eu sou a mente […] e o repouso […] Eu sou a instrução proveniente da minha procura E a descoberta daqueles que me buscam O comando daqueles que perguntam por mim E o poder dos poderes Em que me entendimento dos anjos Que foram enviados pela minha palavra E os Deuses em Deus de acordo com o meu desígnio E espíritos de todos os homens que existem comigo E as mulheres que vivem em mim Eu sou ela quem é venerada e adorada E ela quem é insultada com desprezo Eu sou paz e a guerra existe por minha causa Eu sou uma estrangeira e uma cidadã da cidade Eu sou o Ser Eu sou ela quem é Nada Aqueles que não participam na minha presença, não me conhecem Aqueles que compartilham em meu ser me conhecem Aqueles que estão perto de mim, não me conhecem Aqueles que estão longe de mim, me conheceram No dia em que estou perto de vós [......] estão distantes [.......] no dia em que eu [.....] de vós [.......] do coração [.........] [.......] das naturezas Eu sou ele […] da criação dos espíritos [...] requisição das almas [......] controle e o incontrolável Eu sou a união e a desunião Eu sou a resistência e a desintegração Eu sou inferior na sujeira e eles ascendem a mim Eu sou julgamento e absolvição Eu mesma sou sem pecado, e a raiz do pecado deriva de mim Eu aparento ser luxúria mas por dentro é autocontrole Eu sou o que qualquer um pode ouvir mas ninguém pode dizer Eu sou a muda que não pode falar e minhas palavras são infinitas Ouvi-me suavemente, aprendei por mim asperamente Eu sou ela quem brada e eu sou arremessada ao chão Eu sou alguém que prepara o pão e a minha mente conjuntamente Eu sou o conhecimento do meu nome Eu sou ela quem brada e sou eu quem escuta Eu apareço e [...] ando em [........] selo do meu [......] [......] eu sou ele [.......] a defesa [.......] Eu sou ela que eles chamam verdade, e violação [.....]
Vós me honrai [.......] e vós murmurais contra mim Vós os conquistadores: julgai-os antes que eles vos julguem Porque o julgamento e o favoritismo existem em vós Se ele vos condenar, quem vos libertará? Se ele vos absolver, quem vos deterá? Uma vez que o vosso interior é o vosso exterior E aquele quem molda vosso exterior é aquele quem vos moldou o interior E o que vedes por fora, vedes revelado por dentro Isto é a vossa vestimenta Escutai-me, audiência, e aprendei das minhas palavras, vós que me conheceis
Eu sou o que qualquer um pode ouvir e ninguém pode dizer Eu sou o nome do som e o som do nome Eu sou o sinal da escrita e a revelação da diferença E eu [.............................] luz [.........] [........] e [........] ouvistes [......] para vós [...] [.......] o grande poder E [...........] não irá mover o nome [......] ele quem me criou Mas eu irei falar o seu nome
Observei então os seus pronunciamentos e todos os escritos que tem sido completados Ouvi então, ouvintes E também vós anjos Juntamente com todos os que tem sido enviados E vós espíritos que ressuscitaram dentre os mortos Pois eu sou ele que sozinho existe E ninguém me julga Já que muitas ideias doces existem em todos os tipos de pecado, Incontroláveis e condenáveis paixões E prazeres transitórios que as pessoas possuem Até que se tornem sóbrias e ascendam ao seu local de descanso, E elas me encontrarão naquele lugar E viverão E não morrerão novamente.
*Estima-se que o texto original tenha se perdido, sendo esta cópia cuja a tradução se baseia provavelmente de antes de 350. O texto é parte da Biblioteca de Nag Hammadi.