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Autoria: Aleister Crowley
Tradução: Frater Tahuti
Revisão: Frater אל-אמא-יה

Silêncio para as harpas e os hinos! Pois a alma no meu corpo geme.
Eu tremo em todos os meus membros! Um fogo devora meus ossos!
O espasmo da minha mão direita agarra e estilhaça as minhas luas em inúmeros pedaços,
E o suor da minha testa congela e adere a meteoros incandescentes!
Eu chicoteio os cavalos da noite, e as estrelas espumam em seus flancos;
Todo o espaço e tempo fogem quando minha biga rasga suas fileiras.
Eu bebo a névoa láctea das vias estelares como se fosse vinho;
Seguro a barba de Deus no meu punho, e o meu machado parte garganta e espinha;
À vista da minha angústia e problemas, os céus respondem à minha vontade;
O universo estoura como uma bolha – e eu estou mais solitário ainda.
Silêncio, e horror, e vazio – essas são as minhas chevages!
Eu, saturado da eternidade, anelo em vão pelo fim.
Veja! Estou encolhido a um sopro, um sopro de ar fantástico,
Um sicofanta desprezado pela Morte, um refugado trapo de Desespero.
Mande só o sussurro de uma canção, Ó cantor, para excitar meu alento!
Mande apenas uma nota para prolongar este langoroso desejo da Morte!
Pois tu és sutil e veloz, além da minha vista, como um pássaro
Soberbamente estrondoso nas alturas, uma grande graça mal-ouvida,
(Tão baixo estou eu, meu amante!) Uma beatitude ostentada ao longe
Inacessivelmente alta para pairar, um sonho mais silencioso do que uma estrela!
E ainda assim te conheci, conheci tua cabeça curvada até o teu joelho,
Teus cabelos soltos caíram numa faixa próxima ao meio de mim;
Dobraste-te ainda mais baixo – encarna a felicidade como és –
Enrolando cada vez mais devagar, mas mais firme ao redor de meu coração.
Oh, mas a explosão da maravilha quando a boca com a louca boca se encontrou,
E em um moribundo estrondo o manifesto mundo solar se pôs,
E Deus surgiu chamejante – Ó irmã, nascida de um parto!
Vamos invadir os caminhos da montanha! Vamos estuprar a terra virgem!
Vamos pôr as estrelas para cantar! Vamos arrear o sol para um corcel!
Que as correntes do tempo corram forte, com vida para uma erva-d'água,
E lá nós nadamos livres, como os próprios Deuses, como Eles
Que esguicham os Aeons, e giram os ciclos de seda em seu jogo.
Venha! Vamos voar, vamos voar alto, para além das moradas do tempo,
Para além dos céus que estão grisalhos com o florescer harmônico das estrelas,
Para além dos raios do sol, para além do abismo do pensamento,
Para além da felicidade do Um, para a terra que os Deuses chamam de Nada;
Lá descansaremos, descansaremos – Ó, o jasmim em teu cabelo
Enquanto sua cabeça afunda no meu peito – não descansamos lá?