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A Constituição da Ordo Templi Orientis

Uma Intimação sobre a Constituição da Ordem

Emitido por Ordem:

BAPHOMET XI° O.T.O.,
HIBERNIÆ IONÆ ET OMNIUM
BRITANNIARUM, REX SUMMUS SANCTISSIMUS

Toda província da O.T.O. é governada por um Grande Mestre e por aqueles aos quais ele delegue sua autoridade, até que a Ordem esteja estabelecida, que é o caso de quando possuir onze ou mais Casas de Instrução. Em seguida, a constituição comum é automaticamente promulgada. O trecho é a uma breve adaptação de um discurso em um dos rituais.

1. Esta é a Constituição e Governo de nossa Santa Ordem; pelo estudo do Equilíbrio dela, você pode, por si mesmo, vir a apreender como governar sua própria vida. Isso porque, nas Coisas Verdadeiras, tudo é apenas uma imagem de outra coisa; o homem é apenas um mapa do universo, e a Sociedade é a mesma coisa, em uma escala maior.

2. Aprenda, então, que nossa Santa Ordem tem apenas Três Graus Verdadeiros, tal como está escrito no Livro da Lei: O Eremita, O Amante e o Homem da Terra.

3. É apenas por conveniência que estes três graus foram separados em Três Tríades.

4. A Terceira Tríade consiste nos degraus de Minerval a Príncipe de Jerusalém. O degrau de Minerval é um Prólogo para o Primeiro; os degraus subsequentes ao Terceiro pendem a ele. Nesta, a série do Homem da Terra, há, então, apenas Três Degraus; e esses Três são Um.

5. O Homem da Terra não participa do Governo da Ordem, pois não foi ainda chamado a dar sua vida a ela, em serviço. Para nós, Governo é Serviço, e nada mais. O Homem da Terra está, portanto, mais para a posição do Plebeu em Roma no tempo de Menenius Agrippa. Mas há uma marcante diferença: cada Homem da Terra é encorajado a avançar para o próximo estágio, e isso é dele esperado. De maneira que os sentimentos do corpo geral possam ser representados, os Homens da Terra escolhem quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, dentre os seus, para se postarem continuamente frente à face do Supremo e Sagrado Rei, servindo-o dia e noite. Estas pessoas não devem ser de posição mais alta que o Segundo Degrau; devem se voluntariar para este serviço à conclusão da cerimônia. Portanto, devem abandonar a perspectiva de próprio avanço na Ordem por um ano, para que possam servir a seus companheiros. Esta é assim a primeira lição de nosso grande princípio, a realização da honra por meio da renúncia.

6. O degrau dos Cavaleiros do Leste e do Oeste é apenas uma ponte entre a primeira e a segunda séries; mas é importante, pois neste grau um novo formulário de compromisso deve ser assinado, e o novo Cavaleiro vota-se a devotar sua vida ao Estabelecimento da Lei de Thelema.

7. Os membros do Quinto Degrau são responsáveis por tudo que concerne ao bem-estar Social da Ordem. Este grau é simbolicamente o da beleza e harmonia; é o ponto de parada natural da maioria dos homens e mulheres, pois, para prosseguir, como parecerá, envolve renúncia do tipo mais severa. Aqui, então, está todo júbilo, paz, bem-estar em todos os planos; o Príncipe Soberano Rosa Cruz está igualmente ligado ao mais alto e ao mais baixo, e forma uma conexão entre eles.  Ainda assim, que ele a encare de modo que seus olhos permaneçam no alto!

8. Nesse degrau, o Sapientíssimo Soberano de cada capítulo nomeará um comitê de quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, para organizar todos os encontros sociais, banquetes, danças, a realização de peças e prazeres similares. Eles também envidarão para promover harmonia entre os Irmãos em todas as vias possíveis e para compor qualquer contenda mediante tato e de forma amigável, sem precisar de apelação formal a qualquer tribunal mais impositivo.

9. O próximo grau, que fica entre o Quinto e o Sexto Degraus, é chamado de o Senado. Esse é o primeiro dos corpos governantes propriamente ditos, e aqui começamos a insistir sobre Renúncia, pois dentro deste corpo está o Colégio Eleitoral da O.T.O.

10. O princípio de eleição popular é uma tolice fatal; seus resultados são visíveis em toda, assim chamada, democracia. O homem eleito é sempre a mediocridade; ele é o homem seguro, o homem sólido, o homem que desagrada a maioria menos que qualquer outro e, portanto, nunca é o gênio, o homem de progresso e iluminação.

11. O colégio eleitoral consiste em Onze Pessoas em cada país. Ele possui controle total sobre os assuntos dos Homens da Terra, nomeando, a seu arbítrio, Mestres de Loja. Não tem, contudo, nenhuma autoridade sobre os Capítulos Rosa-Cruz.

12. As pessoas que desejarem ser nomeadas para este Colégio pelo Supremo e Santo Rei devem se voluntariar para o cargo. Essa nomeação é por Onze Anos. Os voluntários devem renunciar, por todo esse período, a todo progresso na Ordem. Eles devem dar evidência de habilidade, de primeiro nível, em:

(i) Algum ramo do atletismo.

(ii) Algum ramo do conhecimento.

13. Eles devem, ainda, possuir um profundo conhecimento geral de história e da arte do governo, com especial atenção para filosofia em geral.

14. Eles devem viver em solidão, sem mais do que a conversa necessária para vizinhos casuais, servindo a si próprios, em todos os aspectos, por três meses continuamente, ao menos uma vez a cada dois anos. O Presidente os convocará nas quatro estações do ano e, se necessário, em outras épocas, quando eles deliberarão sobre os assuntos levados a seu encargo. Todos os pedidos para passar para o Quinto Degrau devem receber sua sanção. Apelação de suas decisões deve ser feitas ao Supremo Conselho.

15. O Sexto Degrau é um corpo executivo ou militar e representa o poder temporal do Supremo e Santo Rei. Cada membro é sujeito à disciplina militar. Singularmente, ou em concerto com seus camaradas, cada Cavaleiro é votado a executar as decisões de autoridade.

16. O Grau de Grande Inquisidor Comandante é o seguinte. Aqui, todo membro tem direito a um assento no Grande Tribunal, cujo corpo decide todas as contendas e reclamações que não foram compostas pelos Capítulos Rosa-Cruzes ou pelos Mestre de Lojas. Seus vereditos não são recorríveis, a menos que um membro do Colégio Eleitoral dê sanção para levar o caso ao Areópago do Oitavo Degrau. Todos os membros da Ordem, mesmo os de graus maus altos, são jurisdicionados do Grande Tribunal.

17. O próximo grau é o Príncipe do Segredo Real. Todo membro desse degrau é devotado à Propagação da Lei de uma maneira muito especial, pois esse grau é o primeiro no qual o Princípio do Íntimo Segredo é declarado abertamente. Ele, portanto, por seus esforços pessoais, induzirá, cento e onze pessoas a se juntarem à Ordem, antes que ele possa prosseguir para o Sétimo Degrau, salvo mediante ordem especial do Supremo e Santo Rei.

18. O Sétimo Degrau é, em linguagem militar, o Grande Estado Maior do Exército do Sexto Degrau. Dentre seus membros, o Supremo e Santo Rei nomeia o Supremo Grande Conselho.

19. Este Conselho é encarregado do governo de toda a Segunda Tríade, ou Amantes. Todos os membros do Sétimo Degrau viajam como Soberanos Grande Inspetores Gerais da Ordem e reportam, por sua própria iniciativa, ao Supremo e Santíssimo Rei sobre a condição de todas as Lojas e Capítulos; ao Supremo Conselho, sobre todos os assuntos da Segunda Tríade; e ao Colégio Eleitoral, sobre aqueles da Terceira.

20. O Oitavo Degrau é um Corpo Filosófico. Uma vez que seus membros são completamente instruídos nos Princípios da Ordem – exceto em um ponto apenas –, devotam-se ao entendimento do que aprenderam em sua iniciação. Eles têm poder para reverter as decisões do Grande Tribunal e compor todos os conflitos entre quaisquer dos corpos governantes. E isso eles fazem com base nos grandes princípios da filosofia. Isso porque, sempre que houver contenda entre duas partes, ambos estarão certos em seus próprios pontos de vista. Isso é tão importante que uma ilustração se faz desejável. Um homem é acometido por lepra; é correto que este homem deva limitar sua liberdade isolando-se de seus companheiros? Outro toma posse de alguma terra ou outro bem de uso comum; deve ele ser compelido a se abster da posse? Tais casos difíceis envolvem profundos princípios filosóficos, e o Areópago do Oitavo Degrau é encarregado do dever de resolvê-los de acordo com os grandes princípios da Ordem.

21. Perante o Areópago coloca-se um Parlamento de Guildas independente. Dentro da Ordem, independentemente do grau, os membros de cada arte, negócio, ciência ou profissão constituem-se em uma Guilda, fazem suas próprias leis e buscam seu próprio bem, em todos os assuntos pertinentes ao seu trabalho e meios de subsistência. Cada Guilda escolhe o homem mais eminente para representá-la ante o Areópago do Oitavo Degrau; e todas as contendas entre as várias Guildas são discutidas perante aquele Corpo, o qual decidirá de acordo com os grandes princípios da Ordem. Suas decisões passam por ratificação do Santuário da Gnose e, dali, por ratificação do Trono.

22. Epoptas e Pontífices desse exaltado grau são obrigados a anualmente viver em isolamento por quatro meses consecutivos, meditando sobre os mistérios a eles revelados.

23. O Nono Degrau – o Santuário da Gnose – é sintético. O dever primeiro de seus membros é estudar e praticar a teurgia e taumaturgia do grau; mas, além disso, eles devem estar preparados para agir como representantes diretos do Supremo e Santíssimo Rei, irradiando sua luz sobre todo o mundo. Ainda assim, devido à natureza de sua iniciação, eles devem velar sua glória numa nuvem de escuridão. Eles se movem, sem serem vistos nem reconhecidos pelos mais jovens de nós, levando-nos sutilmente e nobremente aos santos mistérios inefáveis da Verdadeira Luz.

24. O Supremo e Santíssimo Rei é nomeado pelo O.H.O. Dele é a responsabilidade última por tudo dentro de seu santo reino. A sucessão do elevado cargo de O.H.O. é decidida em uma maneira que não deve ser declarada aqui, mas você deve aprender, Ó Irmão Magista, que ele pode ser escolhido até mesmo do grau de Minerval. E aqui repousa um Mistério sagradíssimo.

25. O Colégio Eleitoral possui um poder singularíssimo. A cada onze anos, ou em caso de ocorrência de vacância, eles escolhem duas pessoas do Nono Degrau, que são encarregadas do dever de Revolução.

26. É o ofício dessas pessoas constantemente criticar e se opor aos atos do Supremo e Santíssimo Rei, independentemente se pessoalmente os aprovam ou não. Caso ele exiba fraqueza física, mental ou moral, eles são legitimados a apelar ao O.H.O. para que o destitua; mas eles, dentre todos os membros da Ordem, não são elegíveis para a Sucessão.

27. O O.H.O., como autoridade suprema na Ordem, agirá, em emergências como essa, tal como entender apropriado. Ele mesmo poderá ser removido do cargo, mas somente por votação unânime de todos os membros do Décimo Degrau.

28. Sobre o Décimo Primeiro Degrau, seus poderes, privilégios e qualificações, nada é falado em qualquer grau. Não tem nenhuma relação com o plano geral da Ordem, é inescrutável e habita em seus próprios Palácios.

29. Há certas obrigações financeiras importantes em vários graus.

30. O Colégio Eleitoral do Senado é votado à pobreza. Todas as propriedades, rendas ou salários são conferidos ou pagos ao Grande Tesoureiro Geral. Os membros se sustentam com a caridade da Ordem, a qual lhes é dada de acordo com seu padrão de vida original.

31. Essas considerações são igualmente aplicáveis ao Supremo Grande Conselho e a todos os degraus mais altos.

32. No Sétimo Grau há uma qualificação de dotar algum direito real de propriedade imóvel à Ordem, e ninguém é admitido a esse grau sem este requisito.

33. Os membros da Ordem que tenham lhe dado tudo devem obter o dinheiro de suas taxas de iniciação e subscrição a partir da Terceira Tríade, cuja honra envolve o sustento abnegado daqueles que abandonaram tudo pela sua causa.

34. O Grande Tesoureiro Geral é nomeado pelo Supremo e Santíssimo Rei; ele pode ser um membro de qualquer grau; mas ele deve, ao aceitar o cargo, fazer voto de pobreza. Sua autoridade é absoluta em todos os assuntos financeiros; mas ele deve ser responsável ante o – e pode ser removido ao arbítrio do – Supremo e Santíssimo Rei. Ele nomeará um comitê para assisti-lo e aconselhá-lo em seu trabalho e ele geralmente selecionará uma pessoa de cada um dos corpos governantes da Ordem.

Esta é uma breve descrição do governo da O.T.O. Ele combina monarquia com democracia; inclui aristocracia e guarda até mesmo as sementes de revolução, somente pela qual o progresso pode se efetuar. Assim equilibramos as Tríades, unindo as Três em Uma; assim reunimos todos os fios de paixão e interesse humanos, e os tecemos em uma harmoniosa trama, sutil e diligentemente, com grande arte, para que nossa Ordem possa parecer um ornamento constante para as Estrelas que estão no Céu à Noite. Em nosso tecido iridescente estabelecemos a glória de todo o Universo – Cuida-te, irmão Magista, para que teu próprio fio seja forte e puro, e que ele seja de uma cor brilhante, também pronto para se misturar, em toda beleza, com os de teus irmãos!

Tradução: Frater אל-אמא-יה

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